Faz hoje onze anos que Portugal comemora o dia europeu sem carros.
Ironicamente muito se fala na mobilidade (capacidade de se mover ou de ser movido), mas das palavras aos actos, vai a distância de uma linha de comboio praticamente desactivada, ou em vias de.
Da cidade para o campo; da Assembleia da República para o Valado dos Frades, reside uma diferença abismal, apesar da curta distância temporal.
Na "província" não há grandes enchentes, ou filas para o autocarro, porque para além de existirem cada vez menos pessoas, não existem meios de transporte compatíveis com os horários e vencimentos dos trabalhadores, que nem direito a subsídio de transporte têm, como existe em Lisboa e no Porto.
As pessoas não têm grande alternativa para além do transporte pessoal, seja ele: automóvel, burro, carroça, bicicleta, ou algo mais que a imaginação contemple.
Tenho consciência que este dia Europeu sem carros, é uma iniciativa bonita, lúdica, e que fica ambientalmente bem, mas no fundo não deixa de ser apenas uma utopia; tal como um fumador que se abstém de fumar um cigarro durante uma hora, porque vai aparecer na televisão, mas que fuma logo dois a seguir. É bonito, mas nos moldes em que existe, não existe, é faz de conta.
|
Foto: Catirolas a dar o exemplo |