Viver agarrado às capacidades, sem ser
preciso arregaçar as mangas, não é para todos. Há poucos génios no mundo que
tenham descoberto a diferença entre o que se é e o que se pode ser.
Já é primavera, tempo de renascer, tempo
de discorrer sobre a vida ou o que não se está a fazer com ela. Talvez pense
demasiado, mais do que o habitual e poderia ficar com esse pensamento, mas
antes do que não se diz, mesmo antes dessa conversa fragmentada, preenchida por
prolongados sons... é melhor nada dizer. Não quero falar, pois aquelas palavras
que se poupam no discurso para beber o líquido da euforia dum reencontro,
faz-me magoar o silêncio.
O tempo que temos é curto, descobri à
pouco, mas nem essa descoberta me faz ver o mundo de maneira diferente. Já não
me incomodo com a falta de afecto, ou com as futilidades, mesquinhes,
coscuvilhice, isso não me interessa. Mas importa lembrar-me aqueles génios,
sábios na leitura, na escrita, na investigação. Dotados em matemática, línguas,
em ciências forenses. Muitos deles com capacidade para ser algo na vida, mas
que nunca o chegaram a ser. Perderam-se no caminho, nos anos em que estiveram
agarrados a uma heroína, pouco heróica, e o tempo passou, escapou-se, tal como
essa promessa de vida com a qual nenhum deles se conseguiu comprometer.
Foto: Catirolas |
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