quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Turismo dos lugares queimados

Esta semana e por motivos profissionais tive que visitar alguns lugares da zona Oeste atingidos pelos incêndios. Encostas viradas para o mar, vales, estradas de floresta. Lugares onde tantas vezes passei de bicicleta, ou de carro, onde enchi os pulmões de ar fresco, onde fiz caminhadas, onde me deitei no chão a contemplar, onde fiz praia, onde "bebi"saberes de património histórico e natural tantas vezes despercebido. Uma paisagem que está agora quase na sua totalidade a preto e branco. Não, não é bonito, é muito doloroso de ver.
 Nesse dia em que fui a esses locais, apercebi-me de um curropio. Gente, provavelmente, sem nada que fazer. Uma multidão atípica, andavam devagar, paravam, fotografavam, alguns mesmo tiravam selfies, aqui e ali. Um transito que adivinha um fim de semana de muita afluência.
Mas afinal o que fazem ali aquelas pessoas? Porque vão a um lugar de onde só me apetece fugir... por tanto me fazer doer o coração e a alma?
Não sei se vêm de longe ou de perto, parece-me que vêm ver as ondas gigantes... não as que brotam do canhão da Nazaré e da praia do norte, mas as ondas de cinza... São turistas, ou visitantes dos lugares queimados. Talvez se junte a essa multidão a barraquinha que vende farturas, ou pipocas e com alguma música à mistura se faça uma feira. 
Irónica?! Injusta?! Cruel?!
Posso até estar a ser tudo isso, mas é o estado do meu coração e ele repele-me para não ver.

domingo, 8 de outubro de 2017

Dia de subir e descer às árvores


Assim como quem corre depressa, já estamos quase, quase.... quase no dia internacional de descer e subir às árvores, nesse tempo em que o verão chegou ao outono, onde os tremoços são substituídos pelas castanhas, que oferecem agora a sua companhia às cervejas, para agradar ao tempo que faz. Um tempo onde nem sempre somos o que parecemos e muito menos parecemos o que somos, porque parece, que ser o que os outros querem, é mais importante que ser realmente.
Confuso?!
Talvez, mas quem sabe se vivermos um pouco na incógnita, na ignorância do nosso ser, à margem dessa beleza cobiçada, que em nada tem de real, muito menos as rugas de expressão causadas por sorrisos amarelos em rostos artificiais, talvez se possa ser mais feliz... e finalmente perdoar a esse tempo, onde o tempo não perdoa... e não há nada para perdoar apenas viver.
"Ao perto ninguém é normal", Caetano Veloso "e ao longe a normalidade é uma anormalidade óptica (não confundir com óptima, mas também pode ser)" Catirolas

Publicação em destaque

Outono

Incrível!! Ainda ontem o cair da noite banhava lentamente (a passo de caracol) os nenúfares que boiavam no charco verde de águas cálidas, ...