Há dias em que me demoro a pensar mais do que me devia naquilo que vou
escrever, com a consciência de ter que o fazer, por vezes de forma indirecta,
apenas para aqueles que me conhecem e “me” conseguem ler nas entrelinhas, onde
tudo o resto são palavras apenas, com o significado que o dicionário lhes deu.
Um dia não muito distante entrei num lugar cheio de
promessas, onde as flores rompiam os telhados de zinco e o mar entrelaçava-se
entre as rochas, fundindo-se com o céu, em momentos de ondulação quase
perfeita, tal como a simplicidade de quem oferece um sorriso e apenas isso e
nada mais. Um sorriso e «chãos», onde os rostos negros se misturam com a areia
quente de um abraço apertado, em crianças que não tiveram tempo de o ser. Um
mundo onde a humildade não aumenta proporcionalmente ao envelhecimento, um
mundo muito perto daquele por onde passamos diariamente e nada fazemos e eu
também. Prisioneiros de uma sociedade que construímos, escondidos atrás dessa
janela onde os meninos homens, olham os homens, os homens, olham para os meninos
e nesse cruzar e descruzar de gerações é impossível distingui-los uns dos
outros.
As crianças também precisam de fotografias que não se imprimem ou
publicam em lugar algum, amor!