sexta-feira, 30 de junho de 2017

Meninos homens



Há dias em que me demoro a pensar mais do que me devia naquilo que vou escrever, com a consciência de ter que o fazer, por vezes de forma indirecta, apenas para aqueles que me conhecem e “me” conseguem ler nas entrelinhas, onde tudo o resto são palavras apenas, com o significado que o dicionário lhes deu

Um dia não muito distante entrei num lugar cheio de promessas, onde as flores rompiam os telhados de zinco e o mar entrelaçava-se entre as rochas, fundindo-se com o céu, em momentos de ondulação quase perfeita, tal como a simplicidade de quem oferece um sorriso e apenas isso e nada mais. Um sorriso e «chãos», onde os rostos negros se misturam com a areia quente de um abraço apertado, em crianças que não tiveram tempo de o ser. Um mundo onde a humildade não aumenta proporcionalmente ao envelhecimento, um mundo muito perto daquele por onde passamos diariamente e nada fazemos e eu também. Prisioneiros de uma sociedade que construímos, escondidos atrás dessa janela onde os meninos homens, olham os homens, os homens, olham para os meninos e nesse cruzar e descruzar de gerações é impossível distingui-los uns dos outros. 
As crianças também precisam de fotografias que não se imprimem ou publicam em lugar algum, amor!

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Saudades


Quando não sabemos como nem onde o que procurar, mas sabemos o que procurar... não andamos perdidos? Talvez porque a vida, ao contrário de muitos acordares, remelosos, preguiçosos, ou mais enérgicos ou alegres...Não! A vida não é hostil logo pela manhã, basta olhar para os lábios dessa boca, o ex-líbris do corpo, em que parecem escorrer beijos proibidos... e não sempre esses os melhores e os piores? Tal como um olhar, esse cartão-de-visita, onde se pode ver e sentir tudo e ainda assim nada revelar.
Uma ilusão que matou milhões de corações, libertinos libertadores, tal como estar diante de uma pessoa que queria ir dormir sem adormecer, na impertinência de um fogo incompleto, escondido no saiote dessa saia, que à mínima brisa sacode uma pessoa fascinante, nem sempre fascinável à primeira vista, mas facilmente detectável pelo barómetro do coração.
É tão difícil conjugar uma alma sensível, com a beleza de alguém, porque não há maneira de saber o que se fazer com essa beleza, esconder-lhe ou dizer-lhe? Para os mais sonhadores, provar! Degustar esses lábios que parecem escorrer beijos, adormecer nesses olhos pintados de mel, sem pensar em tocar... podendo os dedos começarem a arder, (in) suficiente para um ancorar de saudades, nascidas nesse acaso, que persiste em tornar-se num para sempre.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Onde os caminhos de cabra começam...

Onde as auto estradas acabam e os caminhos de cabras começam já não zumbem as abelhas. Perderam o seu lar, o lugar onde poisar e o ar puro para respirar.
Há mais de duas semanas que só se houve falar em tragédia, morte, flagelo e fogo. FOGO! Que começa e acaba quase sempre da mesma maneira, uma ignição que depressa inflama com teorias, análises, comentários, criticas, debates e outros blá, blá blás. Dias mais tarde extinto na inércia de muitas palavras e poucas acções, repetindo-se o ciclo, anos após ano, seja em Pedrogão, Vila de Rei, ou Monchique.Ainda se lembram?
O que fazemos na terra, fica na terra. E essas gentes que vivem nesses lugares por onde agora, nem as cabras podem calcorrear. Por mais ajuda, mais solidariedade que recebam, não chega... pois não há quem apague esse negro da alma e lhes una as cinzas do coração.



segunda-feira, 26 de junho de 2017

Vamos limpar sanitas?

Não há relações eternas, nem amores perfeitos... a frase até pode já vir em qualquer embalagem de comida pré-cozinhada, oferecida por um conhecido desconhecido, ou um desconhecido, desconhecido... na vida que vai e vem como o verão. E o verão, para além do aroma a sardinha assada, (deliciosas, diga-se de passagem), é propício a isso. A esses encontros mais ou menos escaldantes, a dois, a três, ou a quantos couberem na palma da mão e os pés conseguirem calcorrear pelos grãos de areia das emoções, dependendo do tamanho do coração e da capacidade de se amar. Sentimentos que vagueiam entre apeadeiros do ano e do tempo, perdidamente encontrados, ou encontrados perdidamente, entre um nascer e um pôr do sol, num espaço de tempo, temporariamente espacial, (não confundir com especial) que nunca sabe ao mesmo, mas que sabe mesmo bem, nesse suborno de palavras em que dizer sim, quer apenas significar sim e um não, apenas um não. Dizer que se gosta de alguém é fácil, difícil é convidar esse alguém, que afirma, que jura, que garante gostar de nós, convidá-lo para limpar sanitas e essa pessoa aceitar!

domingo, 18 de junho de 2017

Perfeição


Quem não assume qualquer papel na vida, por mais polémico, proibido ou apaixonado que seja. Quem vive nessa constante vontade de fazer alguma coisa, mas que não o faz, só para agradar a todos e não chatear nenhuns, então o melhor é ir ralar cenouras com uma colher de sobremesa e esperar um dia conseguir fazer uma salada. 
Nesta breve vida, onde lutamos para ser perfeitos, não cabe a perfeição. 
Não há pessoas perfeitas e nem todos os momentos são aquilo que desejamos, mas só o simples sentimento de o desejar já o torna belo e único e isso parece-me perfeito!

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Mãos e pés


Nesse lugar, sentindo os bagos de areia nos dedos, onde as mãos procuram outras mãos para se relacionarem com os anéis, na esperança de abafar a multidão de um só e... onde os pés permanecem descalços sem nada para calçar. Há um mundo para descobrir, num caminho de terra ou de mar, mas sempre por essa estrada que segue direita ao coração.
Na falta de capacidade de ler nas entrelinhas, há pescadores que não conseguem apanhar sardinhas e por isso procuram dias melhores e roupas, vestes que sirvam nesses corpos que nada têm para vestir, mas que ainda assim se encontram povoados de sentimento, onde dizer: Volta! Parece ser muito mais difícil que dizer: Adeus!

domingo, 11 de junho de 2017

Moment


Por vezes encontramos pessoas profusamente vazias! Perdidas nesse monte onde erguem barreiras à sua volta, vestindo cintos de teimosia, desperdiçando a vida com aquilo que não podem fazer, não podem dizer, respirar, ou sequer sentir, e encontramos essas pessoas em nós.
Dizer que se gosta de alguém é tão fácil: do pai, do filho, de um amigo, de um amante, ou até de uma pessoa mais velha que passa na rua, sem sequer a conhecer verdadeiramente, apenas adivinhando aquilo que ela pode ser. 
Lutamos o dia a dia contra nós próprios e com o tempo que temos, para concretizar um projeto, fazer uma viagem, cumprir os objetivos, com tal foco e vontade que por vezes nos esquecemos das coisas simples e do que realmente a vida tem de importante... esse momento de sentir.



sexta-feira, 9 de junho de 2017

A complexidade da beleza

É quase sempre assim, um pouco antes de entrarmos na Sealy Season e mergulhar nesse desfilar de bronzes, enchem-se os ginásios e as ruas de corredores e desportistas compulsivos, tentando ascender a corpos perfeitos, de uma venustidade comum, exigida por multidões. "Agarrados", por um sentimento de beleza, derivado dessa ideia de putrescibilidade difícil de parar e de superar, quando o que é belo poderá perfeitamente perder-se entre o fragor do quotidiano e o fulgor de um olhar, vestido e despido pelo ritmos dos dias, em que rimos e choramos com as estórias surpreendentes, lidas para lá das entrelinhas, de algumas pessoas e de alguns animais também, que nos dizem uma coisa mas que sentem e acreditam noutra, as pessoas não os animais. E é nesse arroubo, algures entre o que se vê e o que não se vê, que se encontra aquilo que mais próximo se pode definir de belo.

“Talvez demasiado profundo e complexo para um dia como o amanhã”.

quinta-feira, 1 de junho de 2017

A moda das Barbas na perspectiva da Catirolas

Os especialistas de moda dizem: "rapazes as barbas estão ultrapassadas". 
Mais que uma questão de moda, ou de estilo, a verdade é que a maioria das mulheres não gosta de ver os "homens", em modo Talibã.
Pela quantidade de "barbudos", que actualmente coabitam por metro quadrado, Portugal parece que virou, da noite para o dia, um país do estado islâmico.  
Esta tendência masculina não faz sentido, os rostos querem-se lisos e livres de pêlos. Qual é o homem que gosta de passar a mão no pêlo de uma mulher peluda? Pois é, nenhum. No caso das mulheres é igual. Claro que há alguns homens que combinam muito mais com barba do que outros, e em que um pouco de barba, lhes dá até um certo encanto, ou charme, mas são quase sempre sexy symbol. Seja como for e porque não há verdades absolutas, gostar de alguém implica gostar das suas perfeitas imperfeições, com mais ou menos barba, ou então não é amar, é uma falsa verdade, tal como a música do Salvador Sobral, "Amar pelos Dois", pois amar pelos dois, é amar a um só e isso não é amor é solidão.

E agora digam lá se este artigo não deu água pela barba?

Modo de sobrevivência

Gargalhadas de pés na areia perante um palco vazio invadem as parafinas dos sonhos. Ao fundo, esse cenário inóspito de um processo democrático demasiado burocrático para se esperar por ele.
Aos olhos dos Tukanos tudo é simples, social e espiritual...Estes animais frugívoros, só querem continuar a comer fruta, indiferentes ao aquecimento global, ou há desflorestação do seu habitat. Com eles tudo é natural, não entram em birras ou desavenças, do "pata aqui pata acolá".
Enquanto o mundo discute o que pode ou não continuar a poluir e a destruir, como se houvesse dúvidas em relação a isso, enquanto se aguarda pela "Lei de Trump" e tantas outras "Trumpalhadas" nada muda.
Reféns de mundo impiedoso e egoísta dessa sociedade suicida, estamos em modo de sobrevivência...

Publicação em destaque

Outono

Incrível!! Ainda ontem o cair da noite banhava lentamente (a passo de caracol) os nenúfares que boiavam no charco verde de águas cálidas, ...