O dia revela sempre melhor o que a noite procura esconder,
mas é na noite que o cutelo dá a ordem de esfaquear o gelo e aquecer o ambiente.
O medo é o ambiente perfeito para não nos deixarmos adormecer em catadupa. Mas
medo do quê? Se casei com ele, se lhe fiz juras de amor eterno, ao mesmo tempo
que lhe prometi fazer o jantar todos os dias, engomar, dobrar a roupa e fazer
amor quando a outra, a embriaguez não estiver por perto, mas não me interpretem mal, eu gosto de
cozinhar e de passar a ferro.
Ás vezes agarro-me aos momentos bons, mas tem dias, talvez meses, ou anos... já não me recordo bem
do dia em que a lua rompeu pelo céu e me iluminou o sorriso com os seus raios
lunares, mas creio que foi no mesmo dia em que senti aquele abraço apertado,
sentido, um pouco diferente do de hoje, menos esmagador, doentio e asfixiante, mas não
me interpretem mal, eu gosto de abraços.
Em breve será de dia e virá o sol ansioso por romper por entre
as nuvens… haja vontade! Muita fome. A música pode não ser forte, mas a melodia da música que as notas transmitem,
é vibrante e não fosse a vibração dos corpos ecoar por entre a câmara negra do obscuro,
se não fosse isso creio que poderia adormecer logo por ali. Mas adormecer para
quê, se o acordar é uma montanha russa. Ontem recebi um presente, uma caixinha
de maquilhagem, um pouco antes da outra prenda, daquelas que recebo todos os dias, só não sei bem quando e a que horas. Mas porquê? Para quê?
Se me quer bem, é porque bem me
quer e se bem me quer e me quer tanto... não me interpretem mal, não gosto de maquilhagem, mas depois de tanto "bem querer," não há como não gostar.
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