quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Outono

Incrível!! Ainda ontem o cair da noite banhava lentamente (a passo de caracol) os nenúfares que boiavam no charco verde de águas cálidas, perante o silencio penetrante que rastejava no ar, apenas momentaneamente interrompido pelo coaxar das rãs, que falavam como se fossem os cânticos do mundo. Essa vozes que ouvimos diariamente, na rua, no café, na livraria da esquina,... que na sua maioria falam do tempo: do tempo que faz, no tempo que vai fazer e no tempo que gostariam que fizesse, sem quase nunca estarem de acordo ... e como se tudo isso já não fosse estranhamente poético, nesse lugar onde os caminhos de cabra acabam e as auto estradas começam, num tempo que segue o seu tempo, naturalmente, há ordens, comandos e desordens de gente, de sentimentos e de lugares, que nem mesmo uma maquilhadora de palavras tem a capacidade de decifrar.
Talvez o melhor seja mesmo avançar o posto das cobranças difíceis às horas de sol e passar directamente para o jantar à luz dos candeeiros, porque, se é que ainda não repararam, há já um mês que o crepúsculo recuou e por mais que se goste dos dias longos e quentes, esperar o outono com gratidão, não tem nada de mal.

Foto: Catirolas

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Divagações escolares

No tempo das nossas avós, ir à escola era um privilégio que poucos podiam usufruir.
Nos tempos dos nossos pais, a ida à escola, era feita entre os intervalos das tarefas do campo e da casa, os professores eram considerados "uns seres superiores a respeitar" e a roupa e o calçado, que passava de irmão para irmão, era o único e maior bem a preservar.
No nosso tempo a escola também era diferente, não tínhamos que levar uma mochila com o dobro do nosso peso, não havia cacifos, nem telemóveis, nem consolas para jogos. Tínhamos as bolas, as fisgas e a imaginação para brincar e os intervalos eram passados com actividades físicas ao ar livre. Levávamos a roupa escolhida pelos nossos pais (com mais ou menos gosto), e as marcas era apenas uma coisa de "betinhos". Já nesse tempo existiam "tablets", mas feitas ou de chocolate, para comer, ou de ardósia, para escrever e o único perigo real, era perdemos as moedas que levávamos nos bolsos para comprar a senha para o almoço.
Nos dias de hoje não existe nada disso.... os professores são os que menos importam na "cadeia hierárquica escolar". Não existe aluno que não leve telemóvel, que não passe os intervalos e às vezes as aulas na caça aos pokemons, que não tenha portátil, "tablet", "ipad" e outras tecnologias, que não tenha conta bancária e cartão multibanco, onde é depositada a mesada e o gosto pelo estudo, pela leitura e investigação dos livros, perde-se muitas vezes na busca fácil que a Internet proporciona.
Mas no meio de tantas disparidades, a escola de hoje continua a ser como a escola de ontem, a nossa, a dos nossos pais e dos nosso avós (aqueles que tiveram a oportunidade de ir). Um lugar de primeiros/últimos encontros/desencontros que marcará para sempre uma vida.

Foto: internet

domingo, 18 de setembro de 2016

Os sons que nos ligam à terra

Os sons que nos ligam à terra podem ser tanta coisa…
um toque de uma campainha que encerra a porta da solidão…
um olhar a percorrer a distância entre essa amizade, que do pé para a mão, liga uma mão a um pé… 

… a sombra de um sorriso de uma tarde de muito sol. 
Para marcar esse caminho, onde a terra é a vida, não é preciso tanto, na verdade não é preciso nada, bastar ser igual a si próprio no passar de cada passagem e simplesmente passar. 

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