quarta-feira, 24 de agosto de 2016

A canoa

O tempo até parece filho de uma aparente calmaria, algures entre um outono, a espreitar pelo canto do sobrolho e um verão, que não nos quer deixar cedo demais. Mas este tempo tem gente e histórias que merecem ser levadas de cá para lá, e de lá para cá. Como a do senhor José, vamos chamá-lo assim, que aos oitenta e tantos anos ainda se preocupa em conseguir fazer feliz a sua companheira, em todos os sentidos. Nos detalhes dessa relação que o passar dos anos não apagou.
Tantas vezes vemos alguém preso a um amor, que não é amor. Uma pequena língua de água, cortada por uma incerteza, constantemente fustigada por marés de violência, que destrói, magoa e mata lentamente. Uma vida que tem numa penosa viagem de canoa, escavada com colheradas de coragem, a felicidade. O único acesso à outra margem, onde a terra é vermelha e onde a liberdade de uma solidão, mas uma liberdade, é a única coisa à espera do outro lado. "Tanto, mas ainda assim tão pouco, para quem tem a vontade mas lhe falta a coragem".
“O rio está cheio”, a “corrente é forte”, é preciso entrar na canoa, pegar nos remos e fazer força para lutar contra horas, dias, meses, anos de violência, de desprezo, de ausência de carinho e de falta de amor! É uma operação muito arriscada é preciso coragem, correndo o risco de ser arrastado pela corrente. Mudar não é fácil. Por vezes é preciso mesmo repetir a operação até se conseguir chegar lá… afinal a margem está logo ali a poucos metros de distância.

Foto: Internet

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

A página das anedotas

Acordei no meio de um meio caminho, uma Diáspora em que no centro de uma encruzilhada de palavras, matematicamente produzidas, para darem lugar a uma cadeia de noticias, por pessoas que actuam convictas da sobriedade e nobreza dos seus actos, estava uma estranha vontade de começar de novo. Mas começar o quê? Se o caminho está demasiado longe e no seu espaço e tempo, tudo o que surge, é uma linguagem que mais parece uma introspecção de palavras compreendidas sem qualquer compreensão. Falsas promessas de quem merece uma nova oportunidade, desde que a complexidade do momento não ultrapasse a fasquia da vida.
Acordei no meio de um meio caminho. Sabem o que fiz depois de acordar? Procurei a página das anedotas.


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Outono

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