Mais fácil na prática que na teoria.
Dezembro tem sido um mês frio.
Espera lá, dezembro é só amanhã! A confusão está instaurada. Confesso que cada
vez menos, sei em que mês se começa a celebrar o Natal. Há quase dois meses que
já se fala nesta época, em frases e campanhas que acabam todas com a mesma
intenção, "Compra-me! Consome-me! Vá lá, gasta o teu magro ordenado, em
coisas fúteis e supérfluas e pensa depois nisso".
Ainda nem é início de dezembro
e já as luzes se acenderam, e não me refiro à iluminação pública, que por vezes
escasseia em determinados lugares. As luzes de Natal estão por aí, umas mais
cintilantes que outras.
Gosto de ver as ruas
iluminadas. Esse ar que se respira, misturado com o frio e o cheiro das
"quentes e boas". Recordo com nostalgia os quilómetros percorridos,
propositadamente, depois do trabalho, quando tinha uma vida boémia. Terminando
quase sempre num jantar, no topo de um hotel com vista para o castelo, com
"companhia ambiente", ou numa cave, onde se servem os melhores vinhos
e petiscos de Lisboa, ou simplesmente a beber um cocktail exuberante, aos
tremelicos da passagem do metro que ajudavam a empurrar um beijo ou dois, na
versão romântica da coisa.
Mas voltando ao que realmente
interessa, o Natal. Gosto desta época, mas gosto de viver a época durante o mês
a que ela pertence, dezembro, nem antes, nem depois. Gosto de fazer a árvore,
para os meus gatos destruírem de seguida e o presépio no jardim, com as figuras
tradicionais, onde não falta o musgo. Gosto de fazer e enviar postais festivos
personalizados, pelo correio, (coisa rara nos dias de hoje), contrariando as
tendências virtuais e gosto sobretudo de fazer os encontros, de um ano de
desencontros, (se bem que este foi um excelente ano de encontros, mas há sempre
algo a melhorar).
Pode parecer cliché, pode soar até
muito bem dizer ou escrever estas coisas, mas se não for sentido, vale o que vale.
Será assim tão difícil fazer do Natal, Natal?
Foto: Catirolas |