quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Pessoas diferentes, diferentes pessoas

Quem pensa que na "santa terrinha" não há agitação engana-se...aqui, o cartaz cultural é muito diversificado, tanto, que o complicado é estar ao mesmo tempo em todo o lado, mesmo quando o já ali, é já ali e essa cultura pode muito bem ter a ver com brócolos, espinafres, cebolas, batatas..., porque fazer germinar qualquer coisa da terra, também é uma arte. A arte de colocar um pedaço de comida na mesa para afastar a fome.
Aqui, as pessoas conhecem-se desde o tempo dos avós e quando não se conhecem, especulam sobre as famílias, tentando adivinhar a casta que deu sabor a essa uva, correndo o risco de encontrar apenas o mosto.
De onde vens não interessa, apenas quem és, essencialmente como ser humano, sem corantes para impressionar a nata, que nada vale quando se prova o creme e se dá conta que, tirando a aparência, não sabe a nada e a nada sabe. Um caminho com estradas sinuosas, que pode levar anos, décadas ou séculos a ser percorrido...de tal forma que até os tractores fazem corridas em autoestradas de terra batida, como se fossem máquinas de fórmula 1 e mesmo assim demoram a chegar lá... porque na verdade não importa muito de onde vens, o que interessa é para onde vais todos os dias quando interiormente te levantas, ... se escolheres levantar-te! Será que hoje é um desses dias?

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Cuba dos dias meus

Cuba dos dias meus...
E depois da chegada de Obama à ilha de Fidel o que será de Cuba?
O que será de Havana? Cidade perdida no tempo em que os automóveis parecem marcar o passo de uma terra caliente e mística!
Onde o melhor restaurante não é o conhecido La Bodeguita del Mideo, com suas paredes repletas de escritos e de assinaturas de seus visitantes: Salvador Allende, Pablo Neruda, Ernest Hemingway, Catirolas... mas sim na casa de um cubano (de uma habitação de paredes singelas e de poucas comodidades), que conhecemos ali mesmo na hora e na rua, mas que nos enche a alma e o espaço com a comida boa e a hospitalidade momentânea, que tanto caracteriza este povo.
Sim, claro que nem tudo é bom. Nas ruas ou nos hotéis de cinco estrelas, a prostituição preenche o vazio das necessidades, e isso é notório e visível! Não há centros comerciais, há farmácias e lojas de outros tempo, como um retrato antigo de uma história que não avançou.
Há gente de cor de chocolate com um sorriso aberto e hospitaleiro misturado pelo tráfico de charutos, dos trabalhadores das fábricas mesmo ali ao lado, mas que pela aventura, como num filme de gagnsters vale a pena arriscar.
Detentora de uma paisagem ímpar e de um clima e águas quentes e transparentes, o que mais encanta nesta ilha, é o retrato urbano a desbravar, e a música que faz mexer em qualquer lado, de manhã à noite: Company Segundo, Buena Vista Social Club, La Lupe... são apenas alguns dos nomes imortais, mas tantos outros há... Uma música que por mais se escute, soa diferente quando lá se está.
Não sei o que será de Cuba depois de Obama, creio que não quero saber...prefiro guardá-la assim para mim do modo como a conheci e me marcou, inocente!



¿Qué te importa que te ame,
si tú no me quieres ya?
El amor que ya ha pasado
no se debe recordar

Fui la ilusión de tu vida
un día lejano ya,
Hoy represento el pasado,
no me puedo conformar.

Si las cosas que uno quiere
se pudieran alcanzar,
tú me quisieras lo mismo
que veinte años atrás.

Con qué tristeza miramos
un amor que se nos va
Es un pedazo del alma
que se arranca sin piedad

Buena vista social club

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Pagar para viver

Para lá de um debate de um orçamento que todos já sabem como vai acabar, há um mundo.
Um mundo que faz a tia Alice de 90 anos, levantar-se cedo para ir ao mercado vender os ovos que as suas galinhas poedeiras, que tem que registar até final do mês de fevereiro, lhe dão. Mulher nortenha habituada ao frio e indiferente aos "mimos" que os partidos trocam na Assembleia da República, enquanto definem em cada palavra traduzida em normas e em regras a sua vida, com um bisturi e uma agulha onde se corta aqui e se remenda acolá. Regras que de uma forma mais consistente nos afectam a todos, na cidade ou na aldeia... e não me venham dizer que não sabem, que não querem saber e que isso não muda nada!
Pode até ser a realidade para muitos, mas a verdade é que vivemos num mundo, indiferentes a ele ou não, onde cada vez mais é preciso pagar para viver... Literalmente.

Imagem: internet



sábado, 20 de fevereiro de 2016

LIKESinhos

Tanto que fazer e ao mesmo tempo nada realmente feito, mas dizer que se faz também é fazer alguma coisa, nem que seja apenas falar. E pensar que toda a vez que se abre uma janela há um ar que se levanta.
Somos portugueses, humanos, inteligentes, confiantes, cheios de potencialidade, somos aqueles que ponderamos todas as decisões para depois executar impulsivamente, muitas vezes ao contrário. Porque parar para perguntar o caminho quando estamos perdidos, não é orgulho lusitano, é pura perca de tempo. 
Não somos escravos desse desejo infinito de ultrapassar uma etapa para poder estabelecer logo outra, somos apenas adeptos ferrenhos das dificuldades, porque é a ausência do vazio que nos faz viver...Um punhado de gente simpática e hospitaleira que come sardinhas e bebe vinho carrascão, a sonhar com as férias.... para  colocar as fotos num lugar estranho, que outros estranhos depressa enchem de LIKES.


Se é Catarina, é certamente de boa colheita e para beber de preferência várias vezes, de um travo só.


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Love Letter


Hoje resolvi recuperar aqui uma coisa que escrevi em 2010.
Não é estranho que passados dez anos tudo continue igual?

Por que é que, culturalmente, nós nos sentimos mais confortáveis vendo dois homens segurando armas do que dando as mãos? Ernest Gaines

Querido Pedro!
Não o sei bem o que pensar de um gajo que houve Heavy Metal e lê Fernando Pessoa, mas tenho saudades dos momentos que não vou encontrar, por já não estares no meu caminho, melancolia pelas palavras processadas nas tardes de domingo, no jardim de um raio de sol, entre a minha imaginação e a realidade do teu olhar. Alguma vez te disse? Tantas vezes, mas tantas vezes em sonhos e tão poucas na tua presença… Eu procurei, mas não achei…o livro de cheques debaixo da minha mesa-de-cabeceira, onde te queria escrever palavras bonitas, com vários zeros, como tu gostas; mas agora as palavras foram-se, molharam-se com a chuva do norte, num grito de incontinência e agora tenho que secá-las com o vento do sul, antes que penses que sou um tipo normal, gordo, careca, sarnoso, que gosta de fazer pouco e de dizer que faz muito, que gosta de ver filmes românticos e de andar de mão dada pela Avenida da Liberdade, apesar dos insultos e dos olhares, numa demonstração clara de afeto. Antes que descubras que choro todos os dias, desde que deixámos de fazer filmes pornográficos no soalho de madeira da sala, da casa da tua mãe, depois de assumirmos a nossa sexualidade ao mundo, sem medos e preconceitos. Antes que aprendas a amar, deixes o outro tipo enfatuado da Quinta do Lago, que te deu tudo o que eu não tinha para te dar, um amor monetário e voltes para mim.
Aquele abraço apertado, João.
Nota: Tenho tantas saudades do teu rabo.
Existe uma ilusão de que os homossexuais fazem sexo e os heterossexuais se apaixonam. É uma completa inverdade. Todo mundo quer ser amado.
Robert Louis Stevenson

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