quarta-feira, 6 de março de 2019

Dia de caça

Despontava mais uma manhã na planície. Vários elefantes espreitavam, excitados, por entre a pouca luminosidade, um grupo de homens com as faces reluzente e olhar ameaçador.Ignorando totalmente o aviso, em busca de uma madrugada de glória, os elefantes avançavam cuidadosamente, esmagando o asfalto por entre a folhagem até chegarem ao morro, onde melhor se podiam camuflar atrás de um tronco secular e assim contemplar aqueles magníficos caçadores, que emergiam por entre a névoa, cem metros mais à frente. Observados dali, os homens pareciam muito maiores e mais aterradores. De tal forma que os elefantes, apesar do porte, se sentem vacilantes.
Pouco depois, um dos caçadores, aparentemente o líder apercebeu-se da presença dos predadores. Então, bruto, ameaçador, investiu na direcção deles. Esticando a arma e disparando ruidosamente, quebrou o silêncio. Momentos depois, gerou-se o pânico entre estas majestosas criaturas de duas pernas - cobertos entretanto por uma imensa nuvem de pó - que se debatiam entre a vida ou a morte. O cenário era quase desolador, os caçadores vacilavam, uns caiam, outros fugiam, atordoados e meio enlouquecidos, para a densa floresta. No meio de tudo, apenas duas certezas: aquele rasto de sangue a tingir a terra árida e o olhar de dor estampado na face destes homens, outrora caçadores e agora caçados.
Foto: Catirolas

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