sexta-feira, 30 de junho de 2017

Meninos homens



Há dias em que me demoro a pensar mais do que me devia naquilo que vou escrever, com a consciência de ter que o fazer, por vezes de forma indirecta, apenas para aqueles que me conhecem e “me” conseguem ler nas entrelinhas, onde tudo o resto são palavras apenas, com o significado que o dicionário lhes deu

Um dia não muito distante entrei num lugar cheio de promessas, onde as flores rompiam os telhados de zinco e o mar entrelaçava-se entre as rochas, fundindo-se com o céu, em momentos de ondulação quase perfeita, tal como a simplicidade de quem oferece um sorriso e apenas isso e nada mais. Um sorriso e «chãos», onde os rostos negros se misturam com a areia quente de um abraço apertado, em crianças que não tiveram tempo de o ser. Um mundo onde a humildade não aumenta proporcionalmente ao envelhecimento, um mundo muito perto daquele por onde passamos diariamente e nada fazemos e eu também. Prisioneiros de uma sociedade que construímos, escondidos atrás dessa janela onde os meninos homens, olham os homens, os homens, olham para os meninos e nesse cruzar e descruzar de gerações é impossível distingui-los uns dos outros. 
As crianças também precisam de fotografias que não se imprimem ou publicam em lugar algum, amor!

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