quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Workaholics ou Fatherholics?

Crescer nas Creches
Quase um terço das crianças portuguesas passa mais de nove horas por dia nas creches e a esmagadora maioria ocupa parte do tempo a ver televisão em jardins-de-infância.
Segundo um estudo da DECO hoje divulgado. por © 2010 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A

Este estudo espelha bem a sociedade de hoje, em que as nossas crianças crescem em espaços fechados a olhar para uma janela aberta, mas que é fechada ao exercício e ao convívio no ar livre, nos tempos em que tínhamos as mães em casa e brincávamos na rua. Bem sei que os perigos de hoje são maiores e que os espaços livres deram lugar aos espaços de betão, mas ainda assim, é um problema de mentalidades. Chegar a casa, depois de um dia difícil e ter uma criança a rir, a chorar, a implorar por atenção:
 -“Mas porque é que já não está a dormir?”

Poucos são os pais que “desligam” o interruptor dos problemas e dedicam alguns minutos aos seus filhos, é mais fácil ligar a TV no Canal Panda, ou deixá-los jogar na Play Station:
 -“Assim sempre podemos usufruir um pouco do sofá”.

Ter dinheiro para alimentar a família, mas não ter tempo para degustar o prazer de se ser pai. De dar amor, atenção e carinho. É esse o preço que se tem de pagar para ter uma casa, um carro, um pouco de vida? Agora escolha!
Não. Não é uma questão de se optar por uma coisa ou por outra, isso é apenas uma desculpa para o que não se faz. Creio que pode e tem que existir um ponto de equilíbrio; podemos ser workaholics mas não podemos ser fatherholics? Não. O que penso é que com um pouco de bom senso e de boa vontade, da sociedade em geral e de cada um em particular, podemos ser, por algumas horas, apenas trabalhadores eficientes, e pais atenciosos e carinhosos a tempo inteiro, mesmo nas nove horas, enquando as nossas crianças estão a crescer nas creches, longe de nós, sem manias ou exageros. Uma coisa é certa, podemos trocar de trabalho, mas não podemos substituir o nosso filho. Ou será que sim?

Estar presente, mesmo na ausência do momento, para que o momento presente não seja mais um motivo de ausência.

2 comentários:

António Pedro Santos disse...

Cara caty...tu tens sempre um artigo interessante todos os dias...isto já se está a tornar repetitivo (in a funny way)...relativamente a esta temática quero-me parecer que a sociedade quer fazer de nós uns workaholics, no entanto cabe a cada um de nós guardar um espaço para os nossos filhos para que eles não se sintam abandonados e desamparados...desta forma tudo tenho feito para que o meu João não cresça sem a presença do Pai e sem saber o que é brincar com o Pai entre Workaholic e Fatheraholic...prefiro amar o meu filho com todas as minhas forças...Bjks Toni

P.s.-Gosto de comentar os teus artigos...ajuda-me a reflectir...Bem Hajas...

Catarina Reis disse...

Obrigada Toni, o João é dos que tem sorte, e eu que ainda não tenho filhos, mas tenho um gato que quando chego a casa não me larga e quer atenção, não é bem a mesma coisa eu sei.
Comenta à vontade que eu gosto de vos "ouvir".

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