quinta-feira, 5 de março de 2015

A advinha

A noite é gelada. A lua é arrepiante. A imagem impressiona. Ela esconde-se, senta-se com vontade de não ser vista. Não há pinheiros, não há rochas, há pinhões e pedras.Camisas desfraldadas em calças sem bolsos, e bolsos sem mãos e mãos sem dedos...
"Que perfeição!" Que enlevo de monte. Adora e pasma o homem da sua vida, que não a vê, porque na realidade não está lá (o homem, não o monte), não há nada. Nem luz, nem cores, muito menos amor... apenas a dolorosa realidade. Mas sim, essa mão que se abate sobre o corpo, esse alguém que abre os olhos aos dias desse leito, quando os dias não aparecem, está lá, para reclamar a si essa alma frouxa de prantos mortuários, para lhe esculpir a face com cuspo e num gesto premeditadamente compulsivo lhe cortar o fio da vida.
O que tem? O que pensa? O que deseja? São quimeras de sentimentos, nascendo numa terra dura sem sequer lá terem sido semeadas e não é preciso ser-se um génio para DIVINHAR!

Foto: APAV


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