quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Violência (in)Vertida

A televisão comanda o ritmo da vida e enquanto a bola percorre os campos de futebol e os olhos se fixam na caixinha cada vez com menos botões, não há fome, frio ou sede!
O mundo pára. Pára o pai, a mãe e o filho, mas não os gritos no sofá que acompanham toda a emoção. 
Durante o tempo que a bola rola, não existem problemas, questões, nada.
Tudo assume uma cor estupidamente estonteante e bela, como se tivessem fumado “umas brocas” inalado uma “brown-shugar”, ou como alternativa mais económica, o garrafão de tinto da taberna da esquina. 
Minutos depois, acaba o jogo na televisão e começa o jogo da vida. 
Aos pulos no sofá o filho grita, instigado pelo ensinamentos do "macho alfa" lá de casa, e o comentador desportivo acompanha essa descoordenação, com as habituais perguntas óbvias e desnecessárias. 
Nos intervalos daquilo que se passa entre a ficção do estádio e a realidade de todos os dias, entre quatro paredes, a mãe, cansada e enfurecida, a precisar de libertar o stress acumulado naquelas horas de pura euforia, porque não dá para partir mais nenhum bem material, desprende toda a sua repulsa e ira no pai, que está ali mesmo ao lado, a um, dois,...  insignificantes sopapos de distância, ao mesmo tempo que lhe grita compulsivamente ao ouvido: Quem é que se esqueceu de fazer o jantar?
Foto: internet

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