quinta-feira, 5 de maio de 2016

O artista das emoções

Longe de ser uma longa-metragem, no mínimo poderia ser média, em que o trabalho se mostra numa mostra que é de uma tal coerência, que não se esgota num egoísmo totalitário. O que é particularmente notável é o palco, onde a exibição do artista se cruza e se descruza com olhares mais ou menos críticos, efusivos e enganadores, da expansão e fusão dessa arte, numa espécie de sátira moderna entre quem passa e observa e quem passa e despreza, num acaso desmedido, mas não necessariamente inopinado. Depois há ainda a questão pertinente da duração. Ficar ou não ficar, numa espécie de obstinação, medrosa e ansiosa, mas simultaneamente acorrentada a essa vontade, acalentada por um minimalismo minucioso, que tem por objectivo, sem qualquer subtileza, chegar a algo tangível, como a de alimentar necessidades básicas. E é nesse paradoxo, aguçado pela curiosidade, que se percebe que aquela média metragem, naquela espécie de artesanato emocional, é não mais que toda a vida de um homem errante nessa espécie de limbo, agarrado a uma primeira obra de um ponto de chegada completamente perdido entre um amar ou esquecer.

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