quinta-feira, 4 de maio de 2017

Desligar

Brincar na rua, jogar à bola, andar de bicicleta, saltar à corda, esfolar os joelhos, cair na rede... da baliza.
As brincadeiras de ontem parecem muito mais perigosas que as de hoje? Mas não são.
Nestes tempos onde se passa a mensagem de que andar na rua é perigoso e violento. Onde se controla tudo e todos, como quem entra e sai de algum lugar, com uma hipervigilância que não se consegue isolar. Onde se deixou de sair de casa para "sair dentro de casa". Onde gerámos outro tipo de rua, paralela, mas mais perigosa e mais violenta. Um lugar onde e apesar de não se estar fisicamente, tudo se controla virtualmente: as coisas, as pessoas, as coisas pessoas e as pessoas coisas. Uma dimensão desmesurável e assustadora, que nos faz esquecer que o maior perigo se encontra dentro dessas quatro paredes que "blindámos".
O progresso tal como os avanços e acessos virtuais fazem parte da vida e não é fácil sair desse universo paralelo, deslumbrante e acessível a todos, mas há dias e há momentos em que se quiséssemos poderíamos simplesmente desligar, mas será que queremos?

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