quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Vi(r)ver

Numa janela com vista nenhuma, há tanto que observar. Um mundo onde a incompetência é valorizada, os corruptos são vistos como "Chicos Espertos", os mulherengos desejados e as homerengas (inventei esta palavra agora), tidas como putas, uns dias mais desejadas que outros, e ainda onde quem trabalha, muitas vezes fora de horas, sem ser pago por isso, não sobe na vida, não recebe aumento, apenas de mais trabalho e é por isso um simples parvo, com ambições e convicções só possíveis na terra da parvónia. 
Nessa janela onde vê-se tudo e de tudo se vê, deslumbra-se um quarto com lençóis impregnados com o cheiro de quem ali dormiu: uma, duas, muitas vezes e a cama não fez, apesar de ter feito a cama onde se deitou e por essa razão dormir agora na mais completa solidão. "Insónias ao lado, que o Xanax daqui nada já faz efeito", a esperança também vive dentro e fora dessa janela e é na esperança, que se espera que a vista melhore um dia. Mesmo que não se faça nada por isso, ou tudo se faça, a vista tende a mudar, basta olhar realmente. Sem preconceitos, estereótipos, invejas, orgulho, ou ciumes. Ver simplesmente é tão simples e tão difícil!
A vida é uma incógnita e vi(r)vê-la é a única coisa que podemos, bem ou mal, longe ou perto de quem gostamos, e há tantas formas de aumentar e de encurtar distâncias. Afinal a escolha é sempre nossa e o que avistamos com o coração também. 

Foto: Catirolas

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