quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Afinal quem é que se esqueceu de fazer o jantar?

O clube joga o povo pára! Pára o pai, a mãe e o filho aos gritos no sofá de tanta emoção. Durante duas horas, mais coisa menos coisa, ninguém tem fome, frio ou sede. Não existem problemas, questões, nada. Tudo assume uma cor estupidamente estonteante e bela, como se tivessem fumado “umas brocas” inalado uma “brown-shugar”, or something else. Depois acaba, ouvem-se gritos de alegria e gritos de desgosto, dependendo do resultado.

O jogo acabou. O filho rebola e o comentador desportivo faz as habituais perguntas óbvias e desnecessárias.

No meio da confusão entre o que acontece no estádio pelos olhos da televisão e em casa pelas sobrancelhas da realidade, a mãe, cansada e irritada de duas horas de pura euforia, a precisar de libertar o stresse acumulado, porque não dá para partir mais uma televisão, e também porque os jogadores estão longe demais, desprende toda a sua repulsa e ira no pai, que está ali mesmo ao lado, a um insignificante sopapo de distância, a ouvir as palavras desnexantes e incongruentes dos técnicos e dos jogadores.
O pobre homem é agredido iniciando um choro compulsivo, provocado não pela dor física do ataque, mas pela dor psicológica que a violência provoca.

É então que no meio de tanta confusão o comentador faz pela primeira vez uma pergunta, no real sentido da palavra.

Afinal quem é que se esqueceu de fazer o jantar?


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