quarta-feira, 23 de junho de 2010

Vou mudar

Vou alterar a ementa desta semana, de rissóis de camarão para rissóis de chocolate (como se percebesse alguma coisa de cozinha, para além dos habituais ovos estrelados).

Alternar os cortinados de papel do quarto principal com os de madeira do quarto de visitas. (como se tal existisse).

Vou mudar as canecas da prateleira de cima da cozinha, para a prateleira N.º44, do armário N.º212 e que habita por baixo do lava-louças. (como se tivesse tantos armários na cozinha, não tenho mas dava jeito ter).

Rasgar a roupa que encolheu, e encolher o pneu que não rasgou com 25 horas de treino intensivo, das 24 possíveis para um dia. (como se precisasse de perder mais“costeletas”).

Vou mudar.
Vou transferir-me de corpo para outro lugar, porque de alma já há muito que lá estou.
Escrever as palavras dobradas em mantos de retalho de uma forma talvez menos fluente, menos presente, mas com a consistência que se exige a um bolo em camadas.
Só o sol pode quebrar o silêncio prestes a morrer com um grito. Só a vontade pode fazer milagres e a persistência quebrar barreiras.
Perdida na proporcionalidade dos dissabores que foram crescendo ao longo dos meses, e com os quais criei laços de cabelos brancos, agarrei-me à esperança,  acorrentei-me ao Verão e agora envolvi-me com a perspectiva apaziguadora de uma outra perspectiva, sem perspectiva, mas também sem enganos, límpida e calma como a maré quando não é empurrada pelos barcos de recreio em hora de ponta.

Vou mesmo mudar, é um facto consumado.
Esperemos que seja o vento do Sul a empurrar-me desta vez com os seus braços, quentes e afáveis, e que o vento do Norte, frio, hipócrita e anti-profissional fique com quem realmente deve estar.





 
 
 
 
Imagem: Internet

2 comentários:

Unknown disse...

Olá amiga :-)
Vais mudar alguma coisa ou foi uma força de expressão?
Beijinhos.

Catarina Reis disse...

Vou mudar alguma coisa mesmo Paulinha.
Bjs Catarina

Publicação em destaque

Outono

Incrível!! Ainda ontem o cair da noite banhava lentamente (a passo de caracol) os nenúfares que boiavam no charco verde de águas cálidas, ...