segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Incondicionalmente

É naquele momento em que demoro mais cinco minutos, do que os habituais dez, em deslocações para o trabalho porque os tractores são o meio de transporte mais usado por aqui; é naquela hora em que a "Ti Maria", de 90 anos,  mais as duas caixas de pintos, que comprou no mercado de segunda-feira,  se coloca à boleia na estrada para a serra mais próxima;  é na visão das palavras escritas pelo agricultor, sem intermediários no processo comercial, onde a ortografia e a pronúncia, fazem pensar que estou num país estrangeiro, mas o sorriso e a pele queimada pelo sol, juntamente com a qualidade e frescura dos legumes deixam adivinhar outros sabores;  e finalmente, é naqueles dias especiais, únicos e memoráveis em que me encontro e abraço aqueles que me são queridos e que estão longe, mais vezes até do que se estivesse perto, que  me apercebo, que a fuga da cidade para a província é mesmo a feliz e maravilhosa realidade dos meus dias. Porque só na ausência conseguimos sentir o verdadeiro valor da amizade.

5 comentários:

Julie D´aiglemont disse...

Posso mudar-me para aí? A propósito, onde estás?

M. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
M. disse...

Certa a tua constatação:) O simples é uma eterna atracção:)

Estudante disse...

Que lindo texto :) adorei!

Anónimo disse...

Morar numa aldeia é o meu sonho, apesar de morar num meio relativamente pacato, a 5 min. de tudo.
Mas numa aldeia que não seja "a nossa aldeia", acabamos por perder as raízes na mesma.

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