quarta-feira, 19 de outubro de 2016

A genética da avó

Embora de coração eu já o sentisse, está cientificamente provado que a nossa avó materna é a responsável por nos transmitir a maior carga genética, de todos os nossos avós e que essa genética salta de geração, fazendo com que muitos de nós se pareçam com a nossa avó materna. 
Muito mais importante que os traços físicos que dela herdei, como os olhos amendoados, o que mais importa é tudo o que ela me transmitiu enquanto foi viva, entre uma, duas, ou mais canecas de café das borras, que tão bem fazia numa cafeteira ao lume em cima de um tripé, ou das filhoses que amassava com os cotovelos, nessas noites em que me contava as histórias dos nossos antepassados, que registei num caderno e que ainda hoje guardo comigo. 
Tenho tantas saudades da minha avó Helena! Lembro-me dela todos os dias, da sua boa disposição, da pronúncia beirã e da sua habilidade para dizer uma centena de "asneiras", literalmente, numa frase com poucas falas, sem parecer mal. Recordo-me da sua alegria e popularidade, uma simpatia genuína que para onde quer que fosse, não passava despercebida. Depois, sinto falta dos afetos, dos seus abraços, da sua presença que enchia a velha cozinha mascarrada pelo fumo, para além da Boneca, a cadela que guardava o quintal, ou a cabrinha Chica que ia com ela para todo o lado. 
Dizem que lembrar alguém a faz viver de novo. A minha querida avó materna, a Helena, mas também a minha avó paterna, a Maria, já não estão entre nós, mas estão no meu coração todos os dias e não há genética, nem ciência que o justifique, apenas um amor eterno que as faz viver em mim todos os dias.
Foto: Avó Maria e avó Helena

1 comentário:

Estudante disse...

Os avós são um tesourinho ^^ eu por acaso, não sou nada parecida com a minha Avó :P o que é pena, porque é uma mulher muito bonita!

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