quinta-feira, 25 de maio de 2017

Lisboa dos meus (re)cantos

Aviso à navegação bloguista: Vou escrever este "delírio", com consciência de que nos próximos dias não o vou fazer.

Sentados nos bancos do jardim a jogar à bisca, ou à sueca, indiferentes a essa agitação turística, (que passa bem perto da bainha das suas calças, feitas por medida, numa dessas alfaiatarias antigas, onde não se corta forte nem feio), ou talvez não, a avaliar pelo olhar guloso, mas sem malícia, que o senhor, ao lado das Chapelarias Azevedo, "uma das minhas lojas preferidas da baixa", lança às turistas de sotaque Inglês, de pele vermelha, olhos e cabelos claros e de perna longa, enquanto um pouco mais à frente, procuram a Ginginha do Rossio, sem reparar que fica ali mesmo, actualizada, bem diferente daquela, onde a ginginha era servida em copos de vidro, enxaguados na torneira, depois da ultima utilização, até vir a ASAE e exigir os copos de plástico, descartáveis, "mas garanto-vos que o néctar tinha outro sabor quando vinha nos tais famosos copos de vidro". O que me faz lembrar igualmente, essas noites icónicas da capital, como o Foxtrot, o Pavilhão Chinês ou o Procópio, da década de 70, e ainda de portas abertas. Lugares apaixonantes, a cheirar a aconchego, daqueles onde é possível dar beijinhos à media luz. Onde se tem que tocar à campainha para entrar, onde a música faz parte do espaço, sem o esmagar e onde nos sentimos como se estivéssemos em casa, sem lá estar, porque estamos num bar e o ambiente está lá. Re(cantos) que nasceram para serem descobertos e vividos por cada um à sua maneira... 

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