segunda-feira, 23 de julho de 2018

Regras gramaticais

Os cabelos compactados em cima da secretária numa atenção ao pormenor não me deixam ver: cupidez. Um desejo perdido num copo de água, sujo por uma tonalidade de beijos, saborosos, que nunca serão saboreados.
Numa casa sem janelas é o papel e a caneta que ditam o caminho, e mesmo que se discorde, até num mundo sem regras há regras.
Tanto por dizer e tão pouco por escrever, mas a dificuldade em escrever não se acorrenta ao peso de uma caneta, ou à leveza da gramática, mas ao crioulo da ilusão, nessa teimosia, que teima em dar voz ao coração. E não é ele o mais enganador e revelador de todos os sentimentos!
Afinal devemos escrever o que sentimos? Ou sentir o que escrevemos? Seguramente escrever o que sentimos com sentimento e mesmo que o inverno demore, a primavera nunca tenha acontecido, o outono chegue daqui nada e o verão ainda não se tenha decidido, até o mais sorridente e afectuoso dos seres sabe que, para escrever basta um, mas para amar são pelo menos precisos dois.

Foto: Catirolas




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