quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Atrocidades

Belas são as searas que ondulam com as suas espigas ao vento, na primavera, e as papoilas vermelhas que salpicam o chão com seus tons aveludados. Retratos de uma galeria de arte que alguém pintou. Que vontade de correr por entre esses prados, de me deitar no tapete das papoilas vermelhas e de pintar com tons de ingenuidade, tudo o que não se vê. Mas não posso. Já aqui não estou, minha vontade vai alta como o luar, na leitura dessas palavras, que viajam dentro de uma garrafa vidro, por aí, pelo oceano da vida, à espera de encontrar alguém que a liberte da encruzilhada em que se refugiou, porque se foi perdendo à medida que as nuvens se atropelaram umas às outras, por uma pechincha de chuva, e o vento cuspiu vagalhão sobre vagalhão para o alto das ondas, que desorientadas, fugiram do mar e se despedaçaram no primeiro encontro de amor que avistaram. "Às vezes o que não tem sentido, sentido tem".

Foto: Catirolas

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