No outro dia, alguém que me “lia” profissionalmente, disse que
mesmo sem eu assinar, era capaz de reconhecer os meus textos pela escrita. “Ler
um texto e dizer este texto é seu. É um elogio”, gritou-me dada a minha apatia.
(Isto porque era suposto agradecer as palavras. Afinal não há melhor elogio
para alguém que escreve do que identificarem o escritor).
Tantas vezes me pergunto porque escrevo? Porque sigo este
caminho? Que dom parvo é este que me acompanha ao longo da vida, que não escolhi,
mas ao qual não resisti, não resisto.
Nunca quis ser escritora, não me formei em letras e toda a
minha vida profissional esteve mais relacionada com números ou estatísticas do
que com letras. Mas ainda assim, por mais que eu não as quisesse, elas sempre
me quiseram a mim. Como um amor impossível, que persiste e insiste e que no fim
não resiste. Gosto de escrever é uma realidade, apesar de nunca estar
completamente satisfeita. Nem sempre é fácil, profissionalmente falando, aliás
é muito difícil (não posso ser sempre a Catirolas). Não espero ser perfeita,
sei que não consigo ser, há sempre muito, ou pouco, a melhorar. Também não
espero ganhar nenhum prémio, (embora às vezes até desse jeito). Mas se as palavras
puderem despertar sentimentos e esses sentimentos terminarem num sorriso, então
já valeu a pena… um sorriso sabe muito bem.
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