segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Copos de tempo


Já tenho a "mula" preparada e o kit pernas em acção mas falta a máscara, aquela que perdi quando o comboio chegou, e já foi há algum tempo se pensarmos que o comboio já ali não chega. 
Há dias em que não sei mesmo como dizer palavras meigas, agradecer um sorriso, cruzar as pernas, expandir os braços, falar escandalosamente baixinho. Desconheço como enfrentar a multidão!
Esticar ou encolher as pernas é sempre uma opção que fica por escolher, e a escolha mais fácil, situa-se entre os litros de qualquer coisa, que no meio de um mundo de faz de conta, me faça sentir mais ou menos pessoa. Muito difícil, quando toda a gente à tua volta parece um filme demasiado futurista, para a tua gula de anos 80. 
Posso gritar? Quero gritar: devolvam à malta os pac-man, o super Mário, o lobo mau, a bela adormecida, e porque não Uma Casa na Pradaria... devolvam a emoção de adivinhar se a pessoa chegou ou não, há hora marcada e ao lugar escolhido, uma semana antes, sem recursos as tecnologias, apenas pelo compromisso de se estar. E junto com o pacote de devoluções acrescentam a genuinidade. 
Tenho tanta vergonha! 
A vergonha de se ser diferente passa por corares intensamente, quanto te dirigem um piropo e meia hora depois percebes que não era para ti, era para a altura da tua saia...
Vamos beber uns copos de tempo?

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