terça-feira, 25 de setembro de 2018

Regras


Na manhã da meia tarde, os "pais" foram chamados ao gabinete. Lá dentro, a responsável acompanhada pela psicóloga registava tudo: a postura na cadeira, a expressão facial, as palavras, e até os olhares e a posição das mãos não escapavam a um crivo de avaliação. O pai, alto engravatado. A mãe, vestindo uma marca sobejamente cara e conhecida, ambos com a maquilhagem no ponto. A responsável falava, explicava os procedimentos, debitava os factos. "A Maria Carolina resolveu andar descalça em cima da relva acabada de cortar e esteve a apanhar sol no recreio. Com tantos anos de ensino nunca tal se viu", manifestou indignada a educadora, cujas normas estavam bem delineadas. Farda impecavelmente vestida, cabelo apanhado e horas e horas de actividades no interior da instituição presencial, mas pouco presente. Maria Carolina teve um ataque de vida, quebrou as regras e lembrou-se de viver. 
"Ás vezes é preciso quebrar as regras para sentir que estamos vivos"

Foto: Catirolas

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