sábado, 23 de março de 2019

Génios

Viver agarrado às capacidades, sem ser preciso arregaçar as mangas, não é para todos. Há poucos génios no mundo que tenham descoberto a diferença entre o que se é e o que se pode ser.  
Já é primavera, tempo de renascer, tempo de discorrer sobre a vida ou o que não se está a fazer com ela. Talvez pense demasiado, mais do que o habitual e poderia ficar com esse pensamento, mas antes do que não se diz, mesmo antes dessa conversa fragmentada, preenchida por prolongados sons... é melhor nada dizer. Não quero falar, pois aquelas palavras que se poupam no discurso para beber o líquido da euforia dum reencontro, faz-me magoar o silêncio.  
O tempo que temos é curto, descobri à pouco, mas nem essa descoberta me faz ver o mundo de maneira diferente. Já não me incomodo com a falta de afecto, ou com as futilidades, mesquinhes, coscuvilhice, isso não me interessa. Mas importa lembrar-me aqueles génios, sábios na leitura, na escrita, na investigação. Dotados em matemática, línguas, em ciências forenses. Muitos deles com capacidade para ser algo na vida, mas que nunca o chegaram a ser. Perderam-se no caminho, nos anos em que estiveram agarrados a uma heroína, pouco heróica, e o tempo passou, escapou-se, tal como essa promessa de vida com a qual nenhum deles se conseguiu comprometer.  

Foto: Catirolas

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