sexta-feira, 19 de março de 2010

Saiu.

O acaso não existe, o que existe são acontecimentos provocados por quem vive acorrentado numa escravidão mental. Liberta-te! !

Saiu decidida para a rua, sem dizer nada talvez regresse de madrugada… talvez a noite tome conta dela, e os copos se sentem na sua companhia, para comemorar mais um dia de solidão.
Saiu para a rua com um sorriso mergulhado num tom de vermelho vivo, iluminado por um baton com cor indefinida, com os seus longos cabelos encaracolados de tanto prazer, bailando ao som do fumo de um Cohiba.
Saiu para a rua de braço dado com um homem mais velho, que lhe meteu a mão no rabo e depois na… com as lágrimas a saltarem do rosto, à medida que a saia subia e as leggins desciam, numa sincronização crónica.
Deitou-se na rua, sem o sorriso, o baton e os caracóis, apenas na companhia de um bocado de latex vazio… e uma carteira cheia de números de telemóveis, de homens sem rosto e sem nome.
Saiu para a rua, deitou-se na rua e regressou a casa, a um quarto húmido, nauseabundo; o número quatro, da barraca N.32, alugado por dezenas de trabalhadoras como ela, que não conhecia, nem deveria conhecer, a lei do mercado e da economia assim o exigia, algo que aprendeu nas aulas de economia da UV (universidade da vida).
Regressou a casa, ainda mal tinha pousado a mala recebeu um telefonema, mudou de cuecas, colocou o baton nos lábios, endireitou os caracóis e voltou a sair decidida para a rua…
...Afinal era sexta-feira, a melhor noite da semana.

Stir it up, little darlin ', stir it up. Come on, baby.

Bob Marley



Neste Post:
Imagem tirada de (www.jornada.unam.mx/2002/05/02/ls-abuso.html)
Video tirado do Youtube

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