quinta-feira, 26 de julho de 2018

A serra

Um pouco à sua maneira, dia após dia. Subir a encosta, ao principio do dia e voltar a descê-la. Na sacola a marmita, um casqueiro e uma lata de atum para enganar o estômago, quando o sol se resolver aparecer, posicionando-se mesmo por cima dos seus cabelos, entre negro e branco de tanto amor por corresponder. 
A cidade a dois passos do alcance da sua vista, olhos castanhos da cor das bolotas. No alto do ponto mais alto, "que vista! Um deslumbre de partir o coração", como o seu. As mulheres não se acertavam no seu caminho. Não era por ele, mas pelo local. Não queriam ficar por ali, naquele isolamento, (perto da vista mas longe de tudo o resto). Mas Joaquim não perdera a esperança de voltar a amar de novo, até já tinha uma candidata. Moça jeitosa, de sorriso rasgado, cabelos em cachos, da cor daquele sol que lhe ilumina o caminho. O mais atordoante são os olhos, castanhos de uma cor por decifrar e um olhar penetrante que o esmaga, sempre que procura ver mais ao longe. Apesar de quase sempre o nevoeiro ofuscar a paisagem, de não ser possível deitar-se na erva fresca e densa a ver as estrelas, o seu coração fica explicitamente feliz. Um sentir e desejar que o faz esperançar esse amor.












Foto e legenda: RC
Sábado a Serra que gosto muito ficou assim por um tempo. Linda e fria. Quem não gosta desta Serra assim. Muitas vezes antes de lá chegarmos já nos apetece estar, abraçar e cheirar aqueles cabelos.

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